1 de outubro de 2025

Dragão de Ipu

۞ ADM Sleipnir

O Dragão de Ipu é uma criatura mítica do folclore brasileiro, associada à região da Bica do Ipu, no município de Ipu, no estado do Ceará. A lenda foi registrada pelo naturalista Antônio Bezerra de Menezes (1841–1921), que a documentou por volta de 1884, contribuindo para a preservação do mito no folclore cearense. Segundo a tradição oral, o dragão habitaria uma extensa caverna nos arredores da bica, guardando um tesouro ancestral trazido por povos vindos da Cordilheira dos Andes.

A aparência do dragão varia conforme as versões da tradição oral. Dizem que sua pele é coberta por escamas amareladas e acinzentadas, semelhantes às rochas de sua gruta, o que lhe permite camuflar-se como um predador. Seus olhos são descritos como globos vermelhos e incandescentes, verdadeiras bolas de fogo que brilham na escuridão e anunciam sua presença. Ele também possui uma mandíbula aterrorizante, capaz de triturar exploradores, e uma língua bifurcada, típica de sua natureza reptiliana. Por fim, diz-se que o dragão emana um calor infernal de seu corpo, solta estrondos pelas narinas e é capaz de afugentar até os mais corajosos aventureiros.

O Tesouro de Ipu

A história mais conhecida associada ao Dragão de Ipu envolve um personagem misterioso, lembrado apenas como “O Holandês”, vinculado à presença neerlandesa no Nordeste brasileiro durante as invasões do século XVII. Segundo a tradição, o estrangeiro adentrou as matas da Serra da Ibiapaba, surpreendendo-se com abismos de pedra e exuberantes cachoeiras até alcançar a caverna onde o dragão habitava. Logo na escuridão, dois globos vermelhos e incandescentes se acenderam: eram os olhos flamejantes da criatura. Diante do tesouro que brilhava sob sua guarda, o monstro abriu lentamente a mandíbula para devorar o explorador.

O holandês, porém, possuía conhecimentos secretos — uns dizem magia pagã, outros acreditam em uma oração de contrição — que fizeram o dragão sucumbir a um sono temporário. Foi assim que ele conseguiu escapar ileso, levando consigo parte do tesouro. Desejando proteção divina para a riqueza conquistada, o homem enterrou o montante em uma praça, diante das primeiras paredes da capela que se tornaria a Igreja de São Sebastião, padroeiro do município de Ipu. Dessa forma, colocou o tesouro sob a guarda celestial do santo.

A cobiça, no entanto, falou mais alto. Dominado pela ambição, o holandês retornou à caverna para tentar obter o restante do ouro e da prata. Lá, encontrou novamente o brilho dos tesouros misturado às labaredas dos olhos do dragão. Nem o calor sufocante da gruta, nem o rugir das narinas, nem o sibilar da língua bifurcada o fizeram recuar. Mas o monstro, desta vez, não foi enganado. Aproveitando-se da fraqueza do aventureiro, devorou-o cruelmente em meio às chamas, selando seu destino trágico.

Décadas mais tarde, o sertanejo João da Costa Alecrim, major do sertão, descobriu e desenterrou o tesouro deixado pelo holandês sob a proteção de São Sebastião. Rapidamente, tornou-se um homem rico. Entretanto, sua fortuna trouxe condenação. Considerado um profanador por ter violado um bem sagrado, passou a ser rejeitado por todos, vivendo como um pária até a morte. Assim, sua história serve como segundo aviso moral da lenda: a riqueza adquirida de forma impura ou sacrílega traz consigo não prosperidade, mas desgraça.

Arte de Thaís Câmara Tavares

fontes:

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