24 de julho de 2025

Kratt

۞ ADM Sleipnir

Arte de Silverkontus

Kratt (plural: kratid; também conhecido como pisuhänd, puuk, tulihänd ou vedaja) é uma criatura mágica da mitologia estoniana, tradicionalmente associada à guarda de tesouros e à realização de tarefas sobrenaturais para seu dono. Ela é criada a partir de feno ou objetos domésticos velhos, moldados por seu futuro dono. Para ganhar vida, no entanto, exigia-se um pacto com o Diabo: o criador devia oferecer três gotas de sangue em troca da animação da criatura. Uma vez ativado, o kratt obedecia cegamente ao seu mestre, sendo comumente utilizado para roubar e acumular riquezas. Dizia-se que a criatura possuía a capacidade de voar e executar tarefas com grande eficiência. No entanto, um aspecto crucial de sua natureza era a necessidade de trabalho contínuo. Se deixado ocioso, o kratt poderia voltar-se contra seu dono, tornando-se perigoso.

Kratt (Aleksander Promet, ca 1906)

Quando o kratt já não era mais útil, seu proprietário precisava livrar-se dele de maneira astuta. A estratégia mais comum era ordenar uma tarefa impossível, como "construir uma escada de pão" — um método retratado na obra  Rehepapp ehk November ("O Celeiro Velho ou Novembro"), do escritor estoniano Andrus Kivirähk. Ao tentar cumprir a ordem absurda, o kratt (feito de materiais inflamáveis, como feno) acabava pegando fogo e se consumindo, resolvendo assim o problema de sua existência indesejada.

Na astronomia popular estoniana, meteoros brilhantes (bólidos) eram por vezes interpretados como kratts incendiados após receberem ordens impossíveis, queimando no céu em forma de bolas de fogo.

Kratt como metáfora moderna

Devido à sua natureza de servidão incondicional e potencial perigo quando mal controlado, o kratt tem sido usado na Estônia como uma analogia para a inteligência artificial (IA). Essa comparação levou até mesmo à criação da "Lei Kratt", um termo coloquial para legislações que regulam a responsabilidade algorítmica e os riscos associados a sistemas automatizados.

Cultura Popular 

O kratt é um elemento recorrente na obra do escritor Andrus Kivirähk, que reinterpreta o folclore estoniano com humor e elementos de fantasia. Em seu já citado livro, Rehepapp ehk November, há uma sugestão de que alguns estonianos teriam enganado o Diabo usando groselhas negras no lugar de sangue, evitando assim a condenação eterna.

O compositor estoniano Eduard Tubin (1905–1982) criou o primeiro balé nacional do país, intitulado Kratt (1943), baseado em melodias folclóricas. A obra explora temas como a ilusão de que a riqueza traz felicidade, a corrupção causada pela ganância e o conflito entre valores materiais e amor.

O filme November (2017), dirigido por Rainer Sarnet e baseado no livro de Kivirähk, traz o kratt como uma das figuras centrais, mergulhando no imaginário folclórico estoniano com uma estética sombria e surrealista.


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2 comentários:

  1. Será que foi essa lenda que se originou as famosas vassouras voadoras das bruxas,pois me lembrou muito

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    1. Creio que não. Pelo que sei tem a história de vassouras voadoras tem a ver com o uso de alucinógenos, ou algo assim.

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