30 de julho de 2014

Sucellus

۞ ADM Sleipnir


Sucellus ou Sucellos ("o bom golpeador", derivado do radical gaulês antigo su, "bom" ou "excelente" e de cellos ou cellus, "golpeador" ou "batedor") é o deus da agricultura, das florestas, da prosperidade e também das bebidas alcoólicas na mitologia celta/gaulesa. Representado principalmente em fontes galo-romanas (séculos I-II d.C.), Sucellus era venerado como protetor das comunidades de trabalho—camponeses, artesãos e escravizados—que dependiam da fertilidade da terra.

Iconografia e Atributos

Sucellus é descrito como um homem forte, barbudo e de meia-idade, usando uma túnica simples e frequentemente uma pele de lobo (alusão à proteção de rebanhos contra predadores). É constantemente acompanhado por um cão de caça. Em uma mão, ele carrega um martelo ou malho de cabo longo, símbolo de sua autoridade sobre limites, fertilidade e proteção. Na outra, segura um recipiente (olla, cálice ou barril) contendo bebida, representando a abundância e a hospitalidade da colheita bem-sucedida. Seu martelo era tão importante para sua identificação que, em alguns casos, somente ele, sem qualquer figura humana, servia para representá-lo. Alguns atributos adicionais de Sucellus incluem símbolos solares (círculos e cruzes), reforçando seu papel cósmico.



Relação com Nantosuelta

Sucellus é frequentemente retratado ao lado de sua consorte, Nantosuelta, deusa das águas, da terra e da domesticidade. Juntos aparecem em inscrições e relevos do território dos Mediomatrici (Alsácia-Lorena), particularmente no famoso relevo de Sarrebourg, próximo a Metz (França), datado do final do século I ou início do II d.C. Neste relevo, Nantosuelta, usando vestes longas, segura em sua mão esquerda um pequeno objeto em forma de casa com dois orifícios circulares—possivelmente um pombório—sobre uma longa vara. Sua mão direita derrama líquido de uma patera sobre um altar cilíndrico. Sucellus está ao lado, barbudo, em túnica com capa, segurando seu martelo na mão direita e uma olla na esquerda.



Sincretismo com outras divindades

Em contextos galo-romanos, Sucellus foi frequentemente identificado com o deus romano Silvano, particularmente em inscrições donde ambos os nomes aparecem conjuntamente. Compartilhavam atributos similares: proteção de florestas, campos e rebanhos; guarda de limites territoriais; e devoção especial às populações marginalizadas. No entanto, mantêm identidades distintas em muitas regiões.

Júlio César, em sua obra Commentarii de Bello Gallico (VI:18), afirmou que os gauleses acreditavam descender de Dis Pater, o deus romano da riqueza, das terras férteis e das riquezas minerais subterrâneas. Caesar, utilizando a interpretatio romana, não forneceu o nome gaulês deste deus ancestral, mas muitos estudiosos identificam Sucellus como um candidato plausível, já que sua iconografia (martelo, barril/olla) sugere um deus da abundância e da fertilidade que também poderia ter aspetos ctônicos (infernais). O relevo de Sarrebourg, que mostra um corvo (símbolo psicopompo) sob Sucellus e Nantosuelta, reforça essa interpretação.

Na tradição insular irlandesa, o equivalente mais próximo de Sucellus é o Dagda ('o bom deus'), chefe dos Tuatha Dé Danann e deus da terra, da fertilidade e da abundância. Como Sucellus, o Dagda é representado como um homem barbudo e poderoso que carrega um atributo de golpe—neste caso, um grande bastão ou clava—e está associado a um recipiente mágico que nunca esvazia (seu caldeirão). Ambos presidem festejos e abundância, possuem consortes ligadas à terra e à água (Nantosuelta e Boann, respectivamente), e são venerados como "pais de tudo" ou ancestrais dos povos sob sua proteção. O Dagda também carrega o título Allothair (Pai de Todos), paralelo à paternidade que Caesar atribui a Dis Pater. 



fontes:

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6 comentários:

  1. Melhor descrição que pude encontrar da deidade. Muito obrigado por disponibilizarem tais informações

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  2. Gostei muito da leitura, sem falar que é o lugar onde mais encontrei detalhes

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  3. Ótimo blog!
    Parabéns pelo trabalho e dedicação

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  4. Show de bola, por uns instante achei que fosse Dagda

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