18 de junho de 2015

Tartalo

۞ ADM Sleipnir

Arte de Jimmy Tayag

Tartalo (ou Tartaro) é um personagem da mitologia basca, que é um gigante enorme e forte com um só olho, similar aos ciclopes da mitologia greco-romana. Embora aqueles sejam os nomes mais usuais atualmente, dependendo das épocas e lugares, também foi chamado Torto, Tartare, Anxo (ou Antxo) ou Alarabi, embora estes últimos dois nomes possam designar outras figuras distintas.

Origens

A origem do nome de Tartalo e das suas variantes é desconhecida. Apesar de ter-se mantido até à atualidade na tradição basca, não é certo que a sua origem seja basca, e é provável que a tradição não se tenha circunscrito aos limites atuais daquela região. Sabe-se da existência dum personagem de nome Tartari para lá da Gasconha, margem direita do Garona, no Agenense. Trata-se sempre dum ogre ou dum personagem maléfico e havia uma expressão popular «mau como Tartari». Em alguns contos, o ogre chama-se Tartari e a sua mulher Tartarino. Segundo o historiador e folclorista Jean-François Bladé (1827–1900), alguns camponeses chamavam Tartari ao diabo negro que leva Polichinelo para o teatro de marionetas Especula-se também que o seu nome possa derivar do nome do deus grego do mundo inferior Tártaro.


Características

As características e as aventuras que se lhe atribuem correspondem em grande medida às do ciclope Polifemo da mitologia grega. Como este, Tartalo vive numa caverna, cria ovelhas e devora os homens que consegue apanhar até que ao dia em que um dos seus prisioneiros, mais astucioso que ele, se escapa rebentando-lhe o olho e escondendo-se entre as ovelhas. As suas outras aventuras são essencialmente do tipo do ogre enganado.

Na tradição basca, um dos seus opositores é frequentemente um rapazinho esperto chamado Mattin Ttipi ("Pequeno Martinho"), ou Mattin Txirula ("Martinho tocador de txistu" [flauta]), muitas vezes considerado como "doido" ou "imbecil", mas cujos atos desmentem o sentido habitual destes termos, e marcam a sua "diferença" com o comum dos seus contemporâneos. O estudioso de contos tradicionais do País Basco Wentworth Webster (1828–1907) via certos detalhes dos contos, como o anel falante que ele oferecia às suas vítimas potenciais, como sendo temáticas celtas.

Tartalo faz parte dum grande número de ciclopes que se encontram nas tradições de toda a cadeia dos Pirenéus e nos Alpes (Bécut, Ulhart, etc.). Há diversos lugares das montanhas bascas que têm o nome de "habitação de Tartalo" (Tartaloetxeta).

Algumas versões de contos, provavelmente mais recentes, tendem a confundir Tartalo com outras figuras mitológicas bascas, como o Basajaun ("senhor da floresta") ou uma Lâmia (plural laminak, anões com características variadas).


Um dos contos de Tartalo

Um dia, enquanto dois irmãos do baserri de Antimuño caçavam, foram apanhados por uma tempestade, pelo que decidiram refugiar-se da chuva numa gruta, que pertencia aoTartalo. Pouco depois, o Tartalo chegou com o seus rebanho de ovelhas e quando viu os dois irmãos disse: "Um para hoje e o outro para amanhã".

Nesse mesmo dia, ele cozinhou e comeu o irmão mais velho e depois foi dormir. Enquanto estava a dormir, o irmão mais novo roubou o anel de Tartalo e espetou o espeto de assar no único olho do gigante. Tartalo ficou cego mas não morreu, e começou a procurar o rapaz entre as suas ovelhas, mas este tinha-se coberto com uma pele de ovelha e fugiu. Mas quando saiu do rebanho, o anel acusador começou a gritar: "Eu estou aqui! Eu estou aqui!".

Tartalo saiu da sua caverna e começou a correr atrás do anel, ouvindo os seus gritos. O rapaz não conseguiu tirar o anel, por isso quando chegou à beira de um precipício cortou o dedo, e como o gigante estava perto, decidiu atirá-lo ao precipício. Seguindo os gritos do anel, Tartalo caiu pelo precipício abaixo.


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