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20 de abril de 2022

Ipupiara

۞ ADM Sleipnir

Ipupiara ( do tupi antigo Ypupîara, "o que está dentro d'água", também chamado Igpupiara ou Hypupiara) é uma das criaturas mais antigas do folclore brasileiro, tendo sido registrada pela primeira vez no séc XVI, pelo historiador e cronista português Pero de Magalhães Gandavo. Ela era uma criatura marinha e antropófaga, que de acordo com a crônica de Gândavo, possuía “quinze palmos de comprido” (3,30 metros) e era “semeado de cabelos pelo corpo e no focinho tinha umas sedas mui grandes como bigodes”. De acordo com outro cronista colonial, o jesuíta Fernão Cardim, Ipupiaras eram seres repulsivos. Matavam as pessoas abraçando-as, beijando-as e apertando-as até as sufocar. Eles também devoravam os olhos humanos, narizes, ponta dos dedos dos pés e das mãos e também as genitálias. Existiam também na forma feminina, possuindo cabelos longos e eram muito formosas. 

Arte de Gustavo Rinaldi

Lenda

Ainda segundo a crônica de Gândavo, publicada em 1575, no ano de 1564 um Ipupiara apareceu na praia de São Vicente (São Paulo), onde ficava a primeira vila brasileira, e lá aterrorizou uma jovem escrava índia chamada Irecê. Irecê, estava apaixonada por um índio chamado Andirá e ambos se encontravam à noite, na praia de São Vicente, às escondidas. Diz a história que numa noite, a caminho da praia, Irecê foi chamada por uma idosa feiticeira, que lhe repreendeu por estar enganando o bondoso capitão, Baltazar Ferreira, a quem ela era subordinada e que os monstros do mar não gostavam de mentiras. A feiticeira aconselhou Irecê a contar tudo ao capitão. 

Decidida a fazê-lo, a jovem índia foi à praia esperar pelo barco de seu amado Andirá, que vinha provavelmente de Santos. Mas não houve mais tempo para o tal encontro: o barco já estava lá, mas Andirá havia sumido. Eis que no mesmo momento, ao lado do barco surgiu o Ipupiara, com sua ferocidade animal, para demonstrar a sua força e poder. Irecê saiu correndo em busca de ajuda, gritou na porta de Baltazar Ferreira. Tomando conhecimento da situação, o capitão pegou sua espada e foi em direção à praia, onde combateu o Ipupiara e o matou. 

Arte de Lorena Herrero (HET)

Dizem que o corpo do monstro ficou exposto em praça pública até o dia seguinte, para que a população o visse e se desse conta de que ele estava mesmo morto. 

Há quem acredite que a criatura supostamente morta por Baltazar Ferreira fosse um leão-marinho, animal pouco conhecido e assustador para os índios do litoral paulista, pois raramente aparece em tais latitudes.

Outros relatos

Jean de Léry, em sua obra Viagem À Terra do Brasil, conta uma história relacionada ao Ipupiara, a qual ouviu diretamente dos índios Tupinambás da Guanabara no século XVI:

(...) Não quero omitir a narração que ouvi de um deles de um episódio de pesca. Disse-me ele que, estando certa vez com outros em uma de suas canoas de pau, por tempo calmo em alto mar, surgiu um grande peixe que segurou a embarcação com as garras procurando virá-la ou meter-se dentro dela. Vendo isso, continuou o selvagem, decepei-lhe a mão com uma foice e a mão caiu dentro do barco e vimos que tinha cinco dedos como a de um homem. E o monstro, excitado pela dor pôs a cabeça fora d'água e a cabeça que era de forma humana, soltou um pequeno gemido (...).

Estátua do Ipupiara em São Vicente, foto de Willians de Oliveira Borges

fontes:
  • https://fantasia.fandom.com/
  • Geografia dos Mitos Brasileiros, de Câmara Cascudo;
  • As 100 Melhores Lendas do Folclore Brasileiro, de A. S. Franchini.

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Um comentário:

  1. Muito legal! dá primeira vez que eu soube dessa lenda eu achei que ele tivesse alguma relação com a Iara.

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