20 de maio de 2013

Xibalbá

 ۞ ADM Dama Gótica e ADM Sleipnir


Na mitologia maia, Xibalbá (algo como "lugar do medo" na língua maia) é o mundo subterrâneo governado por doze deuses ou governantes poderosos conhecidos como os Senhores de XibalbaEle é conhecido principalmente pela sua descrição no Popol Vuh ("Livro Conselho" ou "O Livro da Comunidade", registro documental da cultura maia, produzido no século XVI, e que tem como tema a concepção de criação do mundo deste povo) descoberto após a conquista espanhola no século XVIII, e traduzido para o latim por Fray Francisco Ximénez, sob uma perspectiva católica e tornando Xibalbá, um mundo governado pelos "senhores do submundo", uma referencia para o inferno cristão.

A Estrutura de Xibalbá

O Popol Vuh descreve Xibalbá como um grande palácio com diversas estruturas, incluindo o salão do conselho dos Senhores, um campo de jogo de bola e as temíveis casas de provação. Também havia jardins e residências, sugerindo que Xibalbá era uma grande cidade. O caminho até Xibalbá era repleto de obstáculos: um rio de escorpiões, outro de sangue e um de pus. Em seguida, os viajantes enfrentavam uma encruzilhada com quatro estradas falantes, criadas para confundi-los. Chegando ao salão do conselho, eram enganados por manequins realistas e convidados a sentar-se em um banco que, na verdade, era uma superfície quente — um jogo cruel dos Senhores antes de enviá-los às provações.

A cidade abrigava seis casas mortais. A Casa da Escuridão era envolta em trevas absolutas. A Casa do Frio trazia gelo e granizo implacáveis. A Casa dos Jaguares abrigava feras famintas. A Casa dos Morcegos ecoava com gritos ameaçadores. A Casa das Navalhas era repleta de lâminas em movimento. Por fim, a Casa do Fogo ardia em chamas e calor sufocante. Essas provações eram projetadas para matar ou humilhar os desafiantes que não conseguissem vencê-las com inteligência.


O Senhores de Xibalbá 

Os dois primeiros e os principais dentre os Senhores de Xibalba são Hun-Came ("Morte Um") e Vucub-Came ("Morte Sete"). Os dez Senhores restantes são freqüentemente chamados de demônios e recebem comissão e domínio sobre várias formas de sofrimento humano: para causar doença, fome, medo, miséria, dor e, por fim, a morte. Todos eles trabalham em pares: Xiquiripat ("sarna voadora") e Cuchumaquic ("sangue coletado"), que infectam o sangue das pessoas; Ahalpuh ("demônio pus") e Ahalgana ("demônio icterícia"), que fazem os corpos das pessoas incharem; Chamiabac ("Bastão de Osso") e Chamiaholom ("Bastão de Caveira"), que transformam cadáveres em esqueletos; Ahalmez ("Demônio da Varredura") e Ahaltocob ("Demônio da Esfaqueamento"), responsáveis por desgraças e situações adversas na porta ou no pátio das casas, sendo suas vítimas encontradas feridas ou mortas, deitadas de costas no chão; e Xic ("falcão") e Patan ("mecapal"), que fazem as pessoas morrerem tossindo sangue enquanto caminham na estrada. Acredita-se que os residentes restantes de Xibalba estejam sob o domínio de cada um desses Senhores, percorrendo a face da Terra para cumprir seus deveres listados.

O Mito dos Irmãos Gêmeos

Uma das passagens do Popol Vuh narra o confronto entre os Senhores de Xibalbá e dois pares de irmãos gêmeos. O primeiro par era composto por Hun-Hunahpú e Vucub-Hunahpú, que adoravam jogar pok-ta-pok, um jogo de bola popular, extremamente ágil e frequentemente violento. O objetivo era lançar uma bola de borracha através de um anel de pedra situado em uma extremidade do campo, utilizando apenas os joelhos, cotovelos ou a cintura. 


O campo onde os gêmeos jogavam, no entanto, ficava diretamente sobre a entrada de Xibalbá. Os Senhores de Xibalbá, incomodados com o barulho e invejosos da habilidade dos irmãos, decidiram atraí-los para uma armadilha. Dois dos senhores do submundo, Hun-Camé e Vucub-Camé, convidaram Hun-Hunahpú e Vucub-Hunahpú pessoalmente para uma partida de pok-ta-pok em Xibalbá, mas com a intenção secreta de eliminá-los e tomar posse de seu campo de jogo. A mãe dos gêmeos, Xmucane, desconfiou do convite e tentou impedi-los, mas foi ignorada.

Ao chegarem ao submundo, os irmãos caíram em um truque. Antes do jogo, receberam charutos e tochas e foram instruídos a mantê-los acesos a noite inteira sem consumi-los. Incapazes de cumprir a exigência, falharam no teste, e sua punição foi a morte. Ambos foram sacrificados e enterrados, mas a cabeça de Hun-Hunahpú foi decepada e pendurada na forquilha de uma árvore. Milagrosamente, a árvore começou a dar frutos, e a cabeça tomou a forma de uma cabaça.

Um dia, Xquic, filha de um dos Senhores de Xibalbá, aproximou-se da árvore e, ao contemplar a cabeça de Hun-Hunahpú, iniciou um diálogo com ela. Durante a conversa, a cabeça cuspiu em sua mão, fazendo com que ela engravidasse. 

Expulsa pelo pai, Xquic fugiu para o mundo dos vivos e procurou Xmucane, que a acolheu e ajudou no nascimento de uma nova geração de gêmeos: Hunahpú e XbalanquéCriados sob a proteção de Xmucane, os irmãos cresceram fortes, destemidos e dotados de poderes mágicos. Além de serem hábeis caçadores, possuíam uma inteligência afiada. Certo dia, ao capturarem uma ratazana, preparavam-se para cozinhá-la quando o pequeno animal revelou o destino de seu pai e tio. Determinados a vingar a família, os irmãos desceram a Xibalbá para enfrentar os senhores do submundo.

Ao chegarem, Hunahpú e Xbalanqué foram submetidos a uma série de provações nas temíveis casas de Xibalbá. Primeiro, passaram pela Casa da Escuridão, onde precisavam enfrentar a escuridão absoluta. Em seguida, entraram na Casa das Facas, onde lâminas afiadas cortavam o ar incessantemente, mas conseguiram evitar serem feridos. Depois, enfrentaram o frio extremo da Casa do Gelo, onde acenderam uma fogueira para sobreviver. Na Casa dos Jaguares, astutamente, atiraram ossos para os animais famintos, impedindo que fossem devorados. Após passarem pela Casa do Fogo, onde o calor e as chamas ameaçavam consumi-los, chegaram à última e mais perigosa provação: a Casa dos Morcegos. Foi lá que o temível Camazotz, o deus morcego, atacou e decepou a cabeça de Hunahpú. 

Os Senhores de Xibalbá, satisfeitos com o ocorrido, penduraram sua cabeça no campo de jogo e desafiaram Xbalanqué para uma partida de pok-ta-pok. Sem se desesperar, Xbalanqué encontrou uma tartaruga e a colocou sobre os ombros do irmão no lugar da cabeça, entrando no campo de jogo como se nada tivesse acontecido. Durante a partida, um coelho saltou próximo à quadra, distraindo os Senhores de Xibalbá. Aproveitando o momento, Xbalanqué recuperou a cabeça de Hunahpú e a recolocou em seu corpo. Muito para a frustração dos deuses, os gêmeos agora estavam novamente em plena força e conseguiram empatar o jogo.

A partir desse momento, Hunahpú e Xbalanqué começaram a enganar os Senhores de Xibalbá. Fingiram morrer dentro de um forno de pedra e depois ressurgiram disfarçados como atores itinerantes. Os Senhores de Xibalbá, fascinados pelas suas habilidades mágicas, exigiram que realizassem apresentações. Primeiro, os gêmeos demonstraram seus poderes destruindo e restaurando uma casa. Em seguida, fizeram um ato no qual sacrificaram Hunahpú e o trouxeram de volta à vida. Maravilhados, os Senhores de Xibalbá pediram que fizessem o mesmo com eles. Os irmãos aceitaram, mas, ao sacrificá-los, não os reviveram. Assim, eliminaram para sempre os governantes do submundo e vingaram a morte de seu pai e tio.

Após esse triunfo, Hunahpú e Xbalanqué ascenderam aos céus, onde, segundo algumas versões do mito, transformaram-se no Sol e na Lua, trazendo equilíbrio ao mundo e encerrando o domínio dos Senhores de Xibalbá

Hunahpu e Ixbalanqué


fontes:

Postagem revisada e atualizada em 01/02/2025
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16 comentários:

  1. Grato pela postagem, muito bom!!!

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  2. Cara parabéns pela matéria, não encontrei nada tão bem explicado em nenhum outro site muito bom !!

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  3. Muito bom esse site! Parabéns, gostei do artigo também.
    Vou add o site nos favoritos, seguir no google+ e no face, enfim.. virei fã.

    Parabéns, Dama! ;)

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  4. excelente artigo
    gratidão
    que xibalba ilumine seu caminho

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  5. Me ajudou bastante em um trabalho universitário.
    Muito bom!..

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  6. Mauro Jorge
    Há muitos paralelos com outras civilizações antigas. Os gêmeos são os mesmos de outros mitos mas, na América, eles não se matam nem são inimigos, nenhum tem que sacrificar-se e se um morrer o outro o traz de volta a vida. A Maçonaria possui um grau de companheiro que impõe a projeção de um dos dois irmãos em outra pessoa.
    maurofranco@hotmail.com

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  7. Se eu ñ me engano tem um cara aí no YouTube q fez um vídeo só repetindo tudo q tá escrito aí é um tal de universo mitológico.

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