۞ ADM Sleipnir
Arte de GAO Yushan |
Bes (também conhecido como Bisu ou Aha) é um deus anão pertencente à mitologia egípcia, adorado como um deus da guerra, como um protetor das mulheres grávidas, das crianças e das famílias e ainda associado à sexualidade, ao humor, à música e à dança. Embora não tivesse templos nem sacerdotes ordenados em seu nome, ele era um dos deuses mais populares do antigo Egito, sendo frequentemente representado em utensílios domésticos como móveis, espelhos e recipientes ou aplicadores de cosméticos, bem como em varinhas e facas.
Iconografia
Bes era geralmente descrito como um anão gordo e barbudo, com a língua para fora da boca e sacudindo um chocalho. Além disso, suas pernas são arqueadas e sua genitália é totalmente exposta. Ele é sempre representado voltado para a frente, o que na arte egípcia era muito raro. Além dele, só a deusa Hathor era representada dessa forma. Ele geralmente usa uma coroa emplumada e a pele de um leão ou pantera e, ocasionalmente, usa a coroa Atef e é representado como uma divindade alada. Há também uma série de amuletos e representações de Bes que exibem apenas sua cabeça (ainda voltada para a frente), embora a maioria deles date do Terceiro Período Intermediário ou posterior.
Bes era às vezes representado com características felinas ou leoninas e muitas vezes ostenta uma longa cauda, o que levou à especulação de que, em tempos mais antigos, ele não era, na verdade, um anão, mas um leão ou gato erguendo-se nas patas traseiras. Se ele realmente começou como uma divindade felina, isso o ligaria ainda mais a Hathor, que estava muito intimamente associada a Bastet (uma deusa gata) e Sekhmet (uma deusa leoa) e ao "Olho de Rá" (a temível protetora de Rá). Além disso, seu nome pode ser derivado da palavra núbia para gato ("besa") e é escrito usando o determinativo para um mamífero em vez do determinativo de um deus ou homem (a pele da vaca). É igualmente provável que sempre tenha sido visto como um anão com a força e o poder de um gato.
Bes também era ocasionalmente retratado com asas de falcão, com quatro braços, ou usando a coroa hemhem. Em alguns casos, Bes era coroado com um escaravelho ou gato. Estatuetas de Bes em pé sobre dois leões, dois carneiros ou duas esfinges podem evocar o deus-sol surgindo acima do horizonte (Aker). Ainda, representações elaboradas de Bes a partir de textos mágicos mostram uma profusão quase ilimitada de características, como múltiplas cabeças de animais, inúmeras asas, cauda de crocodilo, entre outros.
Papel como protetor e guerreiro
Protetor das mulheres, crianças e Deus do Parto
A Origem de Bes
Com o tempo, Bes passou a ser visto como o campeão de tudo que era bom e inimigo de tudo que era mau. Parece que ele era originalmente conhecido como "Aha" ("lutador") porque podia estrangular ursos, leões e cobras com as próprias mãos. Ele é descrito como um demônio, mas não era considerado malévolo. Pelo contrário, ele era um apoiador de Rá, que o protegia de seus inimigos. Como resultado, era um deus da guerra que protegia o faraó e o povo do Egito contra forças do mal. Frequentemente era representado em facas na esperança de que isso estendesse sua proteção ao portador da lâmina. Sua imagem também aparece em inúmeras "varinhas mágicas" e em uma quantidade incrível de amuletos.
Bes era em particular um protetor das mulheres e crianças e frequentemente era retratado ao lado do jovem Hórus protegendo-o enquanto ele amadurecia. Como resultado, ele também se tornou um deus do parto. Acreditava-se que ele assustava quaisquer espíritos malignos à espreita pela câmara de parto dançando, gritando e sacudindo seu chocalho. Se a mãe estivesse enfrentando um parto difícil, uma estátua de Bes era colocada perto de sua cabeça e sua ajuda era invocada em seu nome.
Bes não só auxiliava no parto como permanecia ao lado da criança após o seu nascimento para protegê-la e entretê-la. Dizia-se que se um bebê ria ou sorria sem motivo, era porque Bes estava fazendo caretas engraçadas. Durante o Império Novo (entre os séc. XVI e XI a.C), ele era uma figura regular entre as ilustrações nas paredes de um mammisi (pequena capela situada ao lado de um templo maior, e associada ao nascimento de determinada divindade).
Proteção Contra Espíritos Malignos
Bes também afastava os espíritos malignos que causavam acidentes e provocavam confusão (assim como se acreditava que as gárgulas medievais afastavam os espíritos malignos das igrejas). Muitos antigos egípcios colocavam uma estátua de Bes perto da porta de suas casas para protegê-los de infortúnios. Sua proteção também podia ser invocada tatuando diretamente sua imagem no corpo.
Artistas costumavam fazer tatuagens de Bes por causa de sua associação com a dança e a música. Acredita-se também que prostitutas sagradas egípcias podiam ter uma tatuagem de Bes próxima de sua região púbica com o intuito de prevenir doenças venéreas, mas também é possível que as tatuagens estivessem relacionadas à fertilidade.
Por conta de sua aparência, bem destoante dos demais deuses egípcios, é frequentemente sugerido que Bes não era uma divindade de origem egípcia, mas sim provavelmente semita ou oriunda de alguma outra região da África, sendo integrado ao panteão egípcio durante o Império Médio.
Certamente, Bes era descrito em inscrições como "Vindo da Terra Divina" e era conhecido como o "Senhor de Punt". No entanto, ele também é mencionado em registros encontrados no Alto Egito datando do Império Antigo, sugerindo que ele pode ser egípcio, mas que seu culto não se disseminou até o Império Novo. Atualmente, há evidências insuficientes sobre suas origens para ter certeza de qualquer uma das teorias.
Popularidade e Culto
Arqueólogos recuperaram inúmeras máscaras e trajes de Bes datados do Império Novo. Acredita-se que esses itens eram usados regularmente e, portanto, podem ter sido de propriedade de artistas profissionais. Neste ponto da história, Bes era frequentemente associado a Taweret (outra divindade que oferecia proteção durante o parto). Na verdade, ele era considerado seu marido até o Período Ptolemaico. Os dois eram tão populares entre o povo comum que amuletos de ambos foram encontrados até mesmo em Akhetaton (a cidade de Aquenáton), apesar da substituição de muitos dos outros deuses pelo deus único Aton.
O culto a Bes atingiu seu auge durante o Período Ptolemaico. Ele aparece em inúmeras representações em templos, milhares de amuletos e talismãs foram feitos à sua imagem, e até mesmo havia oráculos de Bes para permitir que as pessoas se beneficiassem de sua sabedoria. Ele recebeu também uma nova esposa, conhecida como Beset, que era uma versão feminina dele mesmo. Câmaras conhecidas como "Câmaras de Bes" foram construídas com imagens de Bes e uma deusa nua (provavelmente Beset) pintada nas paredes. Acredita-se que essas câmaras eram destinadas a promover a cura, remediar certos problemas de fertilidade ou promover sonhos eróticos. Os romanos também adoravam Bes e o retratavam vestido como um legionário.
Bes também se tornou popular entre os fenícios e no Chipre. Alguns estudiosos tem sugerido que a versão ptolomaica de Bes era na verdade um deus composto feito de dez deuses bastante obscuros: Aha, Amam, Bes, Hayet, Ihty, Mafdjet, Menew, Segeb, Sopdu e Tetenu. No entanto, esta teoria não é amplamente suportada e nenhuma evidência capaz de esclarecer a situação foi recuperada até o momento.
Associações com outros deuses
Bes também foi associado a vários deuses mais poderosos, incluindo Amon, Min, Hórus e Reshep. Ele era mais frequentemente associado a Hórus, "a criança" (Harpócrates). Bes frequentemente aparecia em amuletos e estelas representando o jovem Hórus e em inscrições destinadas a proteger contra picadas de serpentes, etc. (conhecido como "cippi"). Os dois deuses também formavam a divindade composta Horbes, embora Beset (esposa de Bes durante o período ptolomaico) também tenha sido descrita como a mãe de Hórus. Bes também estava intimamente associado a Hathor, que também era descrita como a mãe ou esposa de Hórus. A deusa era conhecida como a "Senhora de Punt" e também era uma deusa do parto, da dança e da música, compartilhando muitos símbolos iconográficos com Bes.
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