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2 de abril de 2021

Ostara (Eostre)

۞ ADM Sleipnir

Arte de thienbao

Ostara ("Portadora do Amanhecer", também conhecida como Eostre, Eastre, Eostra, entre outros) é uma deusa oriunda do folclore germânico associada à fertilidade, ao amanhecer e à primavera. Nos tempos modernos, ela tornou-se fortemente associada à Páscoa e aos seus tradicionais símbolos, como o coelho e os ovos, porém suas origens pouco nos dizem ou afirmam que essa associação seja verdadeira.

Ostara é uma figura obscura no folclore germânico. Sua história começa com Eostre, uma deusa anglo-saxônica que não está documentada em fontes pagãs, e que aparece em apenas uma das primeiras fontes cristãs, os escritos do clérigo inglês Beda (conhecido como Venerável Beda, e hoje um dos santos católicos). Sendo invenção ou não de Beda, o famoso linguista e folclorista Jacob Grimm foi um dos muitos estudiosos que acreditaram em sua palavra, e em seu livro Deutsche Mythologie ("Mitologia Teutônica") de 1835, ele propôs que Eostre deve ter sido uma versão local de uma deusa germânica mais difundida, a quem chamou de Ostara. 

É impossível dizer se Ostara como uma deusa existiu fora da proposta de Grimm. Quanto à Eostre, não existem evidências de sua adoração, exceto no livro de Beda, e possivelmente em nomes de lugares. O material é tão escasso que alguns estudiosos chegaram a especular que Eostre não era uma deusa, mas simplesmente uma invenção de Beda. Porém Beda era conhecido por sua fobia ao paganismo, portanto seria improvável que ele próprio tivesse inventado uma deusa. 

Outros estudiosos afirmaram ao longo do tempo, com base em informações escassas, que Ostara é uma forma da deusa nórdica Freya. Outros ainda acreditam que ela era na verdade uma forma de Iduna, ou ainda Frigga, Astarte, Eos, Ishtar e ainda a Santa Valburga.



A ligação com o Coelho

Em 1874, em outro livro também intitulado Deutsche Mythologie, Adolf Holtzmann especulou sobre a popular tradição alemã da "lebre da Páscoa" (tradição esta da qual deriva o moderno coelho da Páscoa), associando-a à deusa, estabelecendo assim pela primeira vez uma conexão entre Ostara e a lebre:
"A Lebre da Páscoa é inexplicável para mim, mas provavelmente a lebre era o animal sagrado de Ostara; assim como há uma lebre na estátua da [deusa celta] Abnoba. ”
-Adolf HoltzmannDeutsche Mythologie


Desde então, histórias mais desenvolvidas surgiram conectando Ostara/Eostre ao coelho/lebre, sendo uma das mais famosas a que se segue:

Certo dia, Eostre caminhava pela neve quando encontrou um pássaro ferido e com as asas congeladas. Para ajudá-lo, ela transformou-o numa lebre, mas a transformação não ocorreu por completo e o animal permaneceu com a habilidade de colocar ovos. Como agradecimento por ter salvo a sua vida, a lebre decorou os ovos e levou-os como presente para Eostre. A deusa ficou maravilhada com a criatividade do presente e, quis então, partilhar a sua alegria com todas as crianças do mundo.

Uma outra versão dessa história conta que havia um pássaro cujo os ovos eram muito lindos e ele era bastante orgulhoso por isso. Eostre ficou irritada com o orgulho do pássaro e acabou transformando-o em um coelho. O récem transformado em coelho ficou desesperado, e sentindo-se culpada, Eostre permitiu que o coelho permanecesse pondo seus lindos ovos, porém somente uma vez por ano. 

O autor e escritor americano Stephen Winick conseguiu rastrear a origem dessas histórias, começando por uma antiga publicação no jornal American Notes and Queries, edição de 8 de julho de 1889. Em uma seção de perguntas e respostas do jornal, um leitor perguntava sobre a origem da conexão entre o coelho e a Páscoa, e a pessoa que respondeu e publicou a pergunta deu como resposta uma variação dessas histórias, porém não citou nenhuma fonte para ela. Posteriormente Stephen encontrou uma nota semelhante à publicada pelo American Notes and Queries, publicada por H. Krebs no primeiro volume jornal inglês Folk-Lore em 1883, porém desta vez foi fornecida uma referência: um livro alemão publicado no mesmo ano (1883), da autoria de K. A. Oberle. A publicação de H. Krebs era uma tradução literal de uma frase de Oberle:

"A princípio, a lebre parece ter sido um pássaro, que a deusa transformou em um animal de quatro patas; portanto, ele pode botar ovos em uma lembrança grata de sua qualidade anterior como um pássaro no banquete da deusa."

Em seu livro, Oberle não dá uma fonte específica para a história da deusa transformando um pássaro em uma lebre, porém informa uma fonte geral para suas informações sobre Ostara: Adolf Holtzmann, que como já citei mais acima, é a origem da ideia de que Ostara e lebres estavam conectadas. 

Com o passar dos anos, essas histórias sobre Ostara começaram a aparecer em publicações acadêmicas, e depois foram importadas para livros, jornais e revistas populares, onde muitas vezes algum detalhe novo (e puramente inventado) é acrescentado a ela. Um exemplo é uma publicação feita em 13 de abril de 1911 no jornal The Warren Sheaf, de Minessota, EUA, onde publicaram um novo detalhe sobre a carruagem de Ostara, extraído da literatura crescente (e já fantasiosa) sobre a deusa:
"Diz-se que o coelhinho da Páscoa foi o pássaro que uma vez puxou a carruagem da Deusa da Primavera e se transformou em uma lebre. Todos os anos, porém, na chegada da primavera, a lebre se lembra e, em comemoração à sua natureza original de ave, põe ovos como uma oferenda à primavera e à juventude que ela simboliza."
Independente de Ostara/Eostre ser ou não uma deusa genuína e relacionada à Páscoa, o fato é que sua figura hoje está completamente enraizada na Páscoa, principalmente pelo ponto de vista pagão. Um dos Sabbaths comemorados pela Wicca e outros movimentos pagãos recebe o nome de Ostara, e é celebrado nos dias 22 de setembro (no hemisfério sul) e em 21 de março (no hemisfério norte). Já o nome de Eostre, é a origem do termo em inglês Easter (Páscoa).


fontes:
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2 comentários:



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