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6 de junho de 2023

Samebito

۞ ADM Sleipnir


Samebito é um yokai humanóide aquático, mais conhecido pela história curta " A Gratidão do Samebito", do jornalista e escritor Lafcadio Hearn (1850 - 1904). Seu nome é uma leitura alternativa do kanji 鮫人, "Kōjin" ("homem tubarão"), que por sua vez dá nome tanto a uma espécie de monstros aquáticos ditos seres nativos do Mar da China Meridional, quanto a uma divindade japonesa da cozinha.

A Gratidão do Samebito

Há muito tempo, havia um homem chamado Tawaraya Tōtarō, que vivia nas proximidades do Lago Biwa. Certo dia, ele passava pela ponte Seta, que cruzava o lago, quando se deparou com uma criatura de aparência estranha agachada sobre a mesma. À primeira vista, ela parecia um homem, mas seu corpo era preto como tinta, seu rosto era como o de um demônio e sua barba era como a de um dragão. 

Embora Tōtarō estivesse com medo de se aproximar, os olhos da criatura, que eram verdes como se fossem esmeraldas, lhe transmitiam confiança, então ele finalmente tomou coragem e se aproximou dela. Apresentando-se como Samebito, a criatura contou-lhe que servia como oficial sob o comando dos Oito Grandes Reis Dragões no palácio Ryūgū-jō, mas acabou sendo banido do palácio e exilado do mar graças a um pequeno erro que cometeu. Desde então, ele estava vagando em terra firme, sendo incapaz de encontrar comida ou abrigo. 

Tōtarō ficou com muita pena dele, e resolveu levá-lo consigo para sua casa, onde havia um pequeno jardim com um lago. Ele permitiu que o Samebito vivesse lá pelo tempo que precisasse, e também garantiu que ele fosse bem alimentado. E assim permaneceu durante os seis meses seguintes.

Durante o sétimo mês, ocorreu um festival no templo budista Mii-dera, onde uma grande peregrinação de mulheres havia chegado. Tōtarō compareceu ao festival, e lá conheceu uma mulher de extraordinária beleza e refinamento, de pele branca como a neve e voz de rouxinol. O nome dela era Tamana, e Tōtarō se apaixonou por ela à primeira vista. Tōtarō acompanhou Tamana até sua casa e descobriu que ela morava na mesma cidade em que ele havia conhecido o Samebito. Ele também descobriu que ela era solteira e que sua família desejava que ela se casasse com um homem de posição. Eles exigiam como presente de noivado dez mil joias de quem desejasse se casar com Tamana.

Tōtarō caiu em desespero, sabendo que mesmo que houvesse dez mil joias em todo o Japão, ele nunca seria capaz de adquiri-las. Embora parecesse impossível que ele pudesse fazer de Tamana sua esposa, ele não conseguia tirar seu rosto adorável e sua voz doce de sua mente. Isso o assombrava tanto que ele se recusava a comer ou dormir, e ficou tão doente que não conseguia nem levantar a cabeça do travesseiro. Parecia que ele morreria de coração partido. O Samebito, de quem Tōtarō cuidou em seu momento de desespero, deixou o lago e foi até os aposentos de Tōtarō para ajudar a cuidá-lo. Tōtarō nunca mencionou ao Samebito o que o afligia, apenas afirmando que não sabia quem cuidaria e se alimentaria dele depois que ele morresse. Samebito então percebeu que Tōtarō estava morrendo, e então ele começou a chorar. Grandes gotas vermelhas como sangue rolaram de seus olhos e caíram no chão onde ele estava. Mas havia algo especial em suas lágrimas: ao entrarem em contato com o chão, elas se transformavam em rubis vermelhos e  brilhantes.

Ao ver tantas jóias, Tōtarō instantaneamente recuperou suas forças e começou a reuni-las. O Samebito, surpreso com a reação de Tōtarō, parou de chorar, e o fluxo de joias também parou. Tōtarō implorou ao Samebito para que continuasse chorando até ele ser capaz de reunir dez mil joias, mas com muito pesar ele lhe respondeu que só conseguia chorar quando sentia a verdadeira dor em seu coração. Vendo que a doença de Tōtarō havia sido curada, o Samebito se encheu de alívio e, portanto, não podia mais chorar. Ele então sugeriu à Tōtarō que eles visitassem a ponte onde se conheceram e levassem um bom suprimento de vinho e peixe. Lá, ele poderia lembrar do seu antigo lar e ficar triste, e talvez ele pudesse chorar novamente

No dia seguinte, Tōtarō e o Samebito visitaram a ponte. Eles comeram peixe e beberam vinho e observaram o pôr do sol. Vendo o pôr do sol sobre o mar cintilante, e com uma ajudinha do vinho, o Samebito pensou em sua antiga vida no mar e em seus dias felizes no palácio do dragão. Ele foi dominado pela saudade e começou a chorar copiosamente. Uma grande chuva de joias cobriu a ponte. Tōtarō começou a reuni-las. Quando ele finalmente terminou de coletar dez mil joias, ele gritou de alegria. No mesmo momento, uma música deliciosa foi ouvida longe no mar. Como uma nuvem, um palácio glorioso feito de coral da cor do sol poente ergueu-se da água. O Samebito pulou de alegria, e explicou a Tōtarō que os Oito Grandes Reis Dragões devem ter concedido anistia a ele e o estavam chamando de volta para casa. Ele se despediu de Tōtarō,  grato por sua bondade e amizade, e então mergulhou no mar, e desde então Tōtarō nunca mais viu o Samebito. Tōtarō não perdeu tempo e levou as dez mil joias para entregar à família de Tamana como presente de noivado. Pouco depois, Tōtarō e Tamana se casaram.

Arte de Oleksii Gnievyshev

fontes:
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