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Inari (japonês: 稲荷; ou Inari-Ōkami, japonês 稲荷大神; também chamado de Oinari) é o kami (deus) xintoísta associado à agricultura e as raposas, sendo o protetor dos alimentos e o provedor da prosperidade. Ela é uma das divindades mais veneradas do Japão, com mais de 40.000 santuários dedicados a seu culto por todo o país.
Etimologia e Nomes
O nome Inari deriva da palavra japonesa ine (稲), que significa "muda de arroz", podendo ser traduzido como "portador do arroz". A divindade é também conhecida por outros nomes e títulos, como Ta-no-kami (田の神, "deus do arrozal", Susshe Inari – "Inari do Sucesso", Manzoku Inari – "Inari da Satisfação" e Ukanomitama-no-kami – "deus do sustento".
Inari é frequentemente associado à deusa da alimentação Ukemochi e, no sincretismo com o budismo japonês, é identificado com Daikiniten (versão japonesa da deidade hindu Dakini), também associada à cozinha e aos Cinco Grãos. No contexto budista, Inari é considerado discípulo de Buda e é conhecido como Inari Daimyojin.
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| Inari Daikiniten |
Iconografia
Uma divindade complexa com muitas faces, Inari é referida como uma divindade masculina, feminina e andrógina dependendo do contexto, das tradições regionais e crenças individuais, podendo ainda ser vista como um coletivo de três deuses (Inari sanza) ou cinco (Inari goza).
Em algumas representações, aparece com barba, vestes da corte, segurando um saco de arroz, uma Cintamani (joia flamejante que realiza desejos), ou uma chave de celeiro. Porém, frequentemente aparece como uma mulher, carregando dois fardos de arroz e montada em uma raposa raposa ou seguida por duas delas.

Inari e a Raposa
A raposa (kitsune) é um elemento central no culto a Inari. Acredita-se que seja mensageira da divindade e protetora dos santuários. Muitas esculturas de raposas aparecem adornadas com babadores vermelhos, segurando uma chave de celeiro na boca. Os templos dedicados a Inari costumam ter pequenas aberturas nas paredes para permitir a entrada e saída simbólica do espírito da raposa.
É comum que fiéis deixem oferendas específicas para agradar a raposa, como o inari-zushi — arroz envolto em tofu frito, embebido em licor doce de arroz. Acredita-se que, se a raposa estiver satisfeita com a oferenda, intercederá positivamente junto ao deus em favor do fiel.

Origens e Expansão do Culto
A veneração a Inari teria começado no século VIII d.C., quando um homem chamado Hata no Irogu, ao praticar arco e flecha usando bolinhos de arroz (mochi) como alvo, atingiu um que se transformou magicamente em uma pomba branca. A ave voou até um pico do Monte Inari, chamado Mitsumine, onde Irogu encontrou arroz crescendo espontaneamente. O evento foi interpretado como manifestação espiritual, dando origem ao culto a Inari como kami (deus) do arroz e da fertilidade.
Durante o Período Yayoi (300 a.C. – 250 d.C.), com a introdução do cultivo do arroz no Japão, Inari tornou-se central nas práticas agrícolas e festividades ligadas ao plantio e à colheita. Sua importância cresceu com o tempo, estendendo-se além do meio rural e incorporando funções como: protetor dos alimentos; patrono dos comerciantes, artesãos e ferreiros; protetor de casais e amantes; solucionador de problemas e provedor de prosperidade e sucesso material.
No século IX, o monge budista Kukai (Kobo Daishi), fundador da escola Shingon do budismo japonês, declarou Inari como divindade guardiã do templo To-ji, em Heiankyo (atual Quioto). Segundo relatos, Kukai teria encontrado um velho carregando arroz no Monte Inari e interpretado o encontro como uma manifestação do deus. Quando o imperador adoeceu gravemente, sua recuperação teria ocorrido após a concessão de um posto de prestígio a Inari na corte.
Durante o Período Edo (1603–1868), Inari passou a ser associado ao comércio e às finanças, refletindo as transformações da sociedade japonesa. Na Era Meiji (1868–1912), com o avanço da industrialização, consolidou-se como kami da economia, posição que ainda ocupa para muitos fiéis atualmente.
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| Arte de Hatsumi Neon |
Santuário Fushimi Inari Taisha
O principal centro de culto a Inari é o Santuário Fushimi Inari Taisha, situado ao sul de Quioto. Fundado em 711 d.C. pelo clã Hata, foi originalmente construído no topo do Monte Inari e transferido para sua localização atual no século IX. O templo era administrado por monges budistas até a separação oficial entre xintoísmo e budismo em 1873.
O complexo é famoso por seus milhares de portões vermelhos (torii), doados por devotos em busca de bênçãos. Os portões se alinham formando caminhos cobertos, sendo mais de 5.000 no total. O preço para doar um torii varia, partindo de aproximadamente 3.000 dólares. O prédio principal foi destruído em 1468 durante as Guerras de Onin e reconstruído em 1499. No centro do templo, uma grande pedra simboliza o shintai (a presença espiritual) de Inari, ladeada por estátuas de raposas.
O santuário é visitado ao longo de todo o ano, com picos durante o Hatsumode (primeira visita ao templo no Ano-Novo) e no início de fevereiro, durante o Hatsuuma Taisai, festival tradicional em honra a Inari.
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| Arte de Matteo Spirito |
- ASHKENAZI, M. Handbook of Japanese Mythology. [s.l.] Bloomsbury Publishing USA, 2003.
- CARTWRIGHT, M. Inari. Disponível em: <https://www.worldhistory.org/Inari/>.
Inari





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