13 de setembro de 2025

Magu, a "Donzela do Cânhamo"

 ۞ ADM Sleipnir

Arte de Matias Habert

Magu (em chinês: 麻姑, também Ma Gu; Mago na Coreia; Mako no Japão) é uma xian (imortal taoísta) venerada como deusa da longevidade e associada ao cânhamo (Cannabis sativa). Seu nome vem dos ideogramas 麻 (ma), “cânhamo, cannabis”, e 姑 (gu), “tia” ou “senhora”, razão pela qual é chamada de “Senhora (ou Donzela) do Cânhamo”.

Figura profundamente popular no folclore chinês, Magu foi considerada, já desde o período Wei-Jin, uma das imortais femininas mais conhecidas, presente em textos como o Shenxian Zhuan (chinês 神仙傳, “Biografias dos Imortais”), de Ge Hong, no século IV. Ali, ela é descrita como uma jovem bela e virtuosa, com a aparência de dezoito ou dezenove anos, cujos dedos eram longos e afiados como garras de ave — um sinal de longevidade.


Lendas

Diversos relatos descrevem as origens de Magu. Em algumas versões, ela teria vivido durante o reinado do imperador Huan (147–167) da dinastia Han, sendo irmã de Wang Fangping, um célebre adepto taoísta. Nessa tradição, Magu já havia alcançado a imortalidade e declarado ter testemunhado três vezes a transformação do Mar Oriental em campos de amoreiras (cānghǎi sāngtián 滄海桑田), símbolo da passagem de milhares de anos. Essa visão consolidou-a como emblema de vida longa e transcendência do tempo.

Outras versões, preservadas em coleções como o Lieyi Zhuan (chinês: 列異傳, lit. "Maravilhas Arranjadas") e o Lishi zhenxian tidao tongjian (chinês 歷世真仙體道通鑒, lit. "Espelho abrangente dos imortais que encarnaram o Caminho através dos tempos")narram sua infância difícil sob um pai severo, Ma Qiu. Compassiva, Magu teria imitado o canto do galo para dar descanso a trabalhadores exaustos, sendo perseguida por isso. Refugiando-se nas montanhas, tornou-se imortal e, segundo a tradição, ascendeu ao céu sobre uma ponte que mais tarde ficou conhecida como Ponte de Ma (Maqiao).

Além de sua compaixão, Magu também era lembrada por dons miraculosos: segundo registros, sabia caminhar sobre a água usando tamancos de madeira (muji) e era capaz de transformar grãos de arroz em cinábrio medicinal para curar doenças e aliviar o povo.

Magu Xianshou – “Magu oferecendo longevidade”

Um dos episódios mais célebres envolvendo Magu é o da oferta de vinho da imortalidade à Rainha-Mãe do Ocidente (Xiwangmu) durante o banquete dos pêssegos da imortalidade (Pantao Hui). Nesse mito, Magu comparece com um jarro de vinho preparado a partir do fungo sagrado lingzhi (Ganoderma lucidum), considerado um elixir de vida eterna. Essa cena tornou-se um dos motivos artísticos mais recorrentes nas artes chinesas sob o nome de Magu xianshou (麻姑獻壽), sendo muito popular como pintura presenteada em aniversários de mulheres, em contraste com as imagens do deus da longevidade Shoulao, mais associadas a aniversários masculinos.

Magu e Shoulao


Culto e Legado

Durante a dinastia Song, Magu foi oficialmente titulada com honras taoístas, recebendo os títulos de Zhenji Chongying Yuanjun e depois de Xuji Chongying Zhenren. Seu principal centro de culto é o Monte Magu, em Nancheng (Jiangxi), considerado uma das “36 cavernas celestes” do taoísmo.

Ao longo dos séculos, a figura de Magu passou a ser símbolo de longevidade, pureza e bênçãos femininas, aparecendo em pinturas, esculturas, óperas e rituais. No período Qing, sua lenda inspirou peças de ópera frequentemente encenadas em celebrações de aniversário. Ainda hoje, sua imagem é usada em artes decorativas e até em produtos tradicionais, como o Magu Jiu, vinho produzido na região de Nancheng.


fontes:
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