۞ ADM Sleipnir
|
Arte de Rodrigo Viany (Sleipnir) |
Thakáne é uma princesa e heroína de uma lenda do povo africano Basotho (também conhecido como Sotho), conhecida pela alcunha de matadora de dragões. Ela e seus irmãos mais novos eram filhos de um chefe Basotho, o qual juntamente com a sua mãe, acabaram morrendo enquanto ela e seus irmão ainda eram pequenos. Essa fatalidade fez com que Thakáne ficasse responsável por criar seus irmãos, cuidando de todas as suas necessidades até que se tornassem grandes guerreiros.
Quando seus irmãos atingiram a maioridade, Thakáne os levou para o mophato (uma espécie de escola de treinamento de guerreiros nas montanhas). Após meses de treinamento, eles estavam prontos para se formarem, porém surgiu um problema. Era um costume do seu povo dar a um guerreiro graduado uma vestimenta e um escudo feito de peles de animais mortos por seus pais. Thakáne havia preparado peles de grandes bestas (como leões e outros predadores) para esse propósito, mas seus orgulhosos irmãos não achavam que essas peles eram boas o suficiente. Em vez disso, eles queriam a pele de um Nanabolele, uma espécie de dragão aquático, comumente representado como uma espécie de crocodilo, que emitiam uma luz fluorescente no escuro e sempre estavam cercados por uma nuvem de fumaça vermelha quando se aproximavam. Eles eram temíveis e extremamente difíceis de matar - ir atrás de um nanabolele era frequentemente considerado uma missão suicida. No entanto, Thakáne sabia que se o pai deles estivesse vivo, ele o faria. Coube a ela cumprir a tarefa em seu lugar.
Após reunir alguns guerreiros da tribo para acompanhá-la, Thakáne partiu em sua missão. Durante sua jornada, ela cantou a seguinte canção:
“Nanabolele, nanabolele!
Meus irmãos não vão deixar o mophato, nanabolele!
Eles querem escudos de nanabolele, nanabolele!
E os sapatos que eles querem de nanabolele, nanabolele!
E as roupas que eles querem de nanabolele, nanabolele!
E chapéus que eles querem de nanabolele, nanabolele!
E lanças eles querem de nanabolele, nanabolele! ”
Tão logo Thakáne terminou de cantar, as águas de um riacho próximo se abriram e um sapo saltou para fora dele.
-Kuruu, Siga em frente! - disse o sapo para ela. Thakáne continuou indo de rio em rio, seguindo as instruções dadas por sapo após sapo, até que finalmente encontrou o rio mais largo e profundo até então. Ela cantou sua música, mas ninguém respondeu. Então ela jogou um pouco de carne, seguida por um boi inteiro, mas nada aconteceu.
Finalmente, as águas se agitaram e uma anciã surgiu, cumprimentando Thakáne e convidando-a a seguí-la. Thakáne acompanhou a anciã para dentro do rio, seguida por sua comitiva. Para sua surpresa, havia sob o rio uma aldeia, seca e respirável. Mas não havia ninguém lá. O local era vazio e silencioso como um túmulo.
- Onde estão todos, Vovó? - disse Thakáne à sua guia.
- Ai de mim - disse a velha senhora. - Os nanaboleles devoraram todos! Adultos, crianças, gado, ovelhas, cachorros, galinhas, todos! Somente eu fui poupada, por ser velha e dura demais para comer, então eles me obrigam a fazer o trabalho deles.
- Então estamos realmente em perigo - disse Thakáne.
A anciã os instruiu a se esconderem, levando-os até um buraco profundo que ela cobriu com juncos. Pouco tempo depois de Thakáne e seus amigos terem se escondido, os Nanaboleles voltaram para a aldeia, parecendo um enorme rebanho de bois. As criaturas brilhavam, como a lua e as estrelas, mas não dormiam, farejando intensamente. "Sentimos cheiro de pessoas!" eles rosnavam. Mas não encontraram nada e, eventualmente, cansaram e foram dormir.
Essa era a oportunidade que Thakáne esperava. Ela e seus companheiros emergiram do esconderijo e, escolhendo o maior nanabolele, o massacraram rapidamente antes que ele pudesse acordar os outros. Em seguida, eles o esfolaram em silêncio e se prepararam para partir.
Antes de partirem, a senhora entregou uma pequena pedra a Thakáne, dizendo-lhe: -“Os nanaboleles iram segui-los. Quando você ver uma nuvem de poeira vermelha contra o céu, eles estarão no seu encalço. Esta pedra irá te salvar deles ... ”
O amanhecer mal havia começado quando Thakáne avistou a nuvem de poeira vermelha, indicando que os Nanaboleles estavam perseguindo-os. Então, ela rapidamente deixou cair a pequena pedra no chão e ela cresceu, tornando-se uma enorme montanha. Thakáne e seus companheiros a escalaram e se refugiaram em seu topo, enquanto os Nanaboleles se esgotavam tentando escalá-la. Então, enquanto os répteis descansavam para recuperar o fôlego, a montanha encolheu e se transformou novamente em uma pequena pedra, a qual Thakáne recolheu e continuou a fugir, com os Nanaboleles perseguindo-a.
O processo de derrubar a pedra que se transforma em montanha, escalá-la e fazer os Nanaboleles se cansarem tentando escalá-la se repetiu durante dias, até Thakáne finalmente retornar a sua tribo. Lá, ela reuniu todos os cães da aldeia e partiu para cima dos Nanaboleles, que aterrorizados, deram meia volta e correram de volta para a aldeia abandonada sob o rio. Só restava uma coisa a fazer. A pele de Nanabolele que Thakáne havia obtido foi cortada e transformada em itens de vestuário, armadura e armas, e a própria Thakáne os levou para seus irmãos no mophato. Ninguém jamais tinha visto itens tão maravilhosos, e os irmãos de Thakáne a recompensaram generosamente pelo seu esforço, dando-lhe cem cabeças de gado.
fontes:
PARTICIPE! Deixe seu comentário, elogio ou crítica nas publicações. Faça também sugestões. Sua interação é importante ajuda a manter o blog ativo! Siga o Portal dos Mitos no Youtube, TikTok e Instagram!