3 de março de 2013

Curupira

۞ ADM Sleipnir

Arte de Jânio Garcia

O Curupira (do tupi: curu, "menino" e pira, "corpo"; também conhecido como Gurupira, Korupira, Currupira, Corubira, Caiçara e Matuiú) é um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro. Ele é uma criatura similar a um duende (ou demônio segundo alguns relatos), e tido como o guardião das matas, protegendo os animais que nelas vivem e espantando índios e caçadores que não respeitam as leis da natureza, ou seja, que não respeitam o período de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário para a sua sobrevivência. Lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma predatória também são alvos de sua fúria.

De origem amazônica e mesclado com mitos europeus, o mito do Curupira é um dos mais antigos do nosso folclore, e foi registrado desde os primeiros tempos da colonização do Brasil - como por exemplo, pelo padre José de Anchieta, em carta de 30 de maio de 1560: 
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios que os brasis chamam de Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe de açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal".

Arte de Lucas Conegundes

Seu mito foi difundido por todo o Brasil, e devido a isso suas características acabam variando bastante de uma região para outra. O Curupira é geralmente descrito como um pequeno ser de cabelos compridos e vermelhos (ou em chamas), mas sua característica principal são os seus pés, que são virados para trás. Em algumas versões das suas histórias, o Curupira possui pelos e dentes verdes. Em outras tem enormes orelhas ou é totalmente calvo. Ele pode ou não portar um machado e em uma versão chega ser feito do casco de jabuti. Existem ainda características menos conhecidas ou difundidas sobre o Curupira como o fato dele não possuir orifício algum no corpo.

O Curupira solta assovios agudos e estridentes para assustar e confundir caçadores e lenhadores, além de criar ilusões, fazendo com que os intrusos se percam ou enlouqueçam no meio da mata. Ele pode transformar amigos ou familiares do caçador na própria caça, fazendo com que o mesmo acabe os matando. Outra de suas capacidades é fazer as armas dos caçadores perseguirem e atirarem contra eles próprios. Seus pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, acabam indo na direção errada. Para que isso não aconteça, deve-se suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos,  ou então largar pelo caminho alguns cipós trançados ou madeiras em formas de cruzes. Distraído com tais oferendas, o Curupira acaba se esquecendo de sua perseguição.

Antes de tempestades ocorrerem, dizem que pode-se ouvir em meio as florestas o som de  batidas nos troncos das árvores, feitas pelo próprio Curupira para verificar se estão prontas para resistir a elas. Ao ouvir tais batidas, índios e caçadores ficam em alerta e podem se preparar para o que está por vir.

Curupira ou Caipora?

Em algumas regiões e até mesmo em publicações literárias, a figura do Curupira é confundida com a de outro ser protetor das matas, o/a Caipora, o qual para muitos estudiosos, é de fato uma variação regional do mesmo. As principais diferenças entre os dois é que a Caipora costuma ser grande e peluda, e dependendo da região do mito, pode ser retratada como mulher ou como um homem. Ambos podem ser retratados montados em um porco-do-mato, apesar de ser mais comum ver a Caipora retratada dessa forma.

Arte de Rapha Medeiros


Paralelos em outras culturas

Existem lendas similares a do Curupira em outras culturas da América do Sul, e uma delas é a do Chullachaki, presente no folclore indígena peruano, e a do Máguare e do Konokokuyuha, presente no folclore  de grupos indígenas venezuelanosHá ainda o Boraro, pertencente ao folclore da região amazônica colombiana, e conhecido por se alimentar do cérebro de suas vítimas.

Existem folcloristas que afirmam que a lenda do Curupira surgiu entre os nauas, povo indígena do Norte do Brasil, e foi espalhando-se, até chegar aos tupis e aos guaranis. Falando em guaranis, localizados na porção centro-meridional brasileira, bem como em países como a Bolívia e o Paraguai, é de conhecimento dos estudiosos que a lenda do Curupira existe nesse último país, só que sendo conhecida com outro nome: Kurupi. Lá, o Curupira ainda é o guardião da floresta, mas acaba ganhando um apelo sexual, que, no Brasil, só foi encontrado em alguns povos indígenas da região Norte.

Arte de Marcus Maia


fontes:

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5 comentários:

  1. Curupiras e caiporas são a mesma coisa? Se não for é um bom tema pro blog!!
    PS: essa primeira imagem é mt linda

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os mitos dos dois se confundem por serem ambos protetores das matas, mas segundo estudiosos a Caipora surgiu da lenda do Curupira. Geralmente a Caipora possui pés normais, mas nas lendas em que os mitos dela e do Curupira se misturam, ela possui pés virados pra trás.

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