7 de setembro de 2025

Magwayen

۞ ADM Sleipnir

Arte de Jewel Jade Flores

Magwayen (ou Maguayan, Maguayen e Mama Guayen) é uma das divindades primordiais da mitologia filipina, integrando o panteão de deuses cultuados pelos antigos povos do arquipélago das Visayas. Venerada como a deusa do mar e do submundo, Magwayen foi responsável, juntamente com Kaptan, o deus do céu, pela criação do mundo e dos primeiros seres humanos. Como aspecto feminino da criação, estabelecido pelo deus supremo Kan-laon para equilibrar Kaptan, Magwayen personifica o vasto oceano que cobre a Terra.

Magwayen é retratada como uma figura nutridora, calma e ponderada—uma grande deusa-mãe e provedora. No entanto, quando provocada, revela um aspecto frio e implacável, capaz de desencadear tsunamis, inundações e chuvas torrenciais. Sua representação visual geralmente a mostra como uma mulher madura e nua, portando um budyong (uma concha trombeta) e, por vezes, um bebê. Frequentemente, aparece acompanhada por sua filha, Lidagat (outra deusa marinha) e cercada por peixes.

Arte de Laylie

Mitologia

Papel na criação

De acordo com o mito de criação visaya, o mundo começou com apenas o mar de Magwayen e o céu de Kaptan. Inicialmente, os dois deuses travaram um conflito violento e prolongado: Magwayen lançava ondas furiosas contra o céu, enquanto Kaptan retaliava com rochas e relâmpagos. O embate só cessou quando, em um movimento de convergência, o mar e o céu se aproximaram e formaram as ilhas. Após a paz firmada, Kaptan e Magwayen tornaram-se amantes. De sua união, Kaptan plantou uma semente no mar, da qual brotou um bambu. De seu caule, emergiram os primeiros humanos: Si Kalak (o homem) e Si Kabay (a mulher).

Arte de Artistic-Ana

A Traição de Sinogo 

No entanto, a paz entre os deuses não se refletiu imediatamente em seus domínios. Enquanto as criaturas do céu de Kaptan viviam em um temeroso respeito, o reino de Magwayen era assolado por monstros marinhos tão enormes e selvagens que desafiavam sua autoridade. Vivendo com medo constante de ser atacada por suas próprias criaturas, Magwayen, em desespero, apelou a Kaptan por ajuda.

Atendendo ao chamado, Kaptan convocou um concílio de todas as criaturas do mundo na ilha de Caueli, no centro do Mar de Sulu. Para lá se dirigiram os monstros mais terríveis do ar e do mar, formando um círculo ao redor do trono dourado onde os dois deuses se assentaram. Kaptan decretou que Magwayen era sua igual e que qualquer criatura que a desobedecesse seria fulminada por um de seus raios. Assim, a ordem foi restabelecida. Para garantir a segurança de sua aliada, Kaptan presenteou Magwayen com um presente divino: uma pequena concha dourada que, quando colocada na boca, permitia ao portador se transformar em qualquer criatura, sempre mais forte e maior que qualquer ameaça. Assim, ela poderia defender seu domínio. 

Arte de Lightning-in-my-Hand

Kaptan confiou a concha a três de seus mensageiros alados: Dalagan (o mais rápido), Guidala (o mais bravo) e Sinogo (o mais belo e favorito). Durante um banquete, Sinogo, cobiçando o poder da concha para si, roubou-a e fugiu. Quando sua traição foi descoberta, a fúria de Kaptan foi imensa. Ele enviou Dalagan e Guidala em perseguição. Eles alcançaram Sinogo perto dea ilha de Guimaras, mas o mensageiro fugitivo usou a concha para se transformar em um enorme Buwaya (crocodilo) com escamas impenetráveis. Uma violenta perseguição se seguiu, agitando o oceano com tanta força que as ondas varreram a ilha de Bacabac, nivelando suas colinas. 

Percebendo que seus mensageiros não podiam subjugar o monstro, Kaptan posicionou-se no estreito entre Negros e Cebu. Quando Sinogo emergiu no canal, Kaptan lançou um poderoso raio que atingiu o traidor, cravando-o no fundo do mar como se fosse um alfinete. A concha dourada caiu de sua boca e foi recuperada por um pequeno peixe tamban, que a devolveu a Kaptan. Até hoje, acredita-se que Sinogo ainda se debate preso no fundo do estreito. Suas eternas contorções criam redemoinhos (Liloan) e águas turbulentas que os navegantes de pequenos barcos (sacayan) evitam com respeito e medo.

Magwayen como deusa do submundo

De acordo com algumas histórias, sua filha, Lidagat morreu de desgosto quando seu marido Lihangin faleceu inesperadamente enquanto defendia os céus de monstros. Ela morreu pouco tempo depois, deixando seus filhos Likalibutan (deus da terra), Liadlao (deus do sol) Libulan (deus da lua) e Lisuga (deusa das estrelas) sob os cuidados dos avós.

Tomada por um luto profundo, Magwayen seguiu a alma da filha até Sulad, uma espécie de purgatório, e assumiu o papel de barqueira para permanecer próxima a ela. Transformada, é então retratada como uma mulher vestindo trajes de luto, com o rosto coberto por um véu escuro. Em sua majestosa embarcação, o balangay, ela conduz as almas dos mortos através do rio espiritual Lalangban, que separa Sulad de Saad, a terra dos ancestrais.

Arte de Jonalyn Galon

Declínio do culto e legado

Magwayen era amplamente venerada como a grande mãe e provedora pelos povos visayas das ilhas centrais das Filipinas. Com a chegada dos colonizadores espanhóis e a imposição do cristianismo, seu culto foi suplantado pela veneração à Virgem Maria, compartilhando o mesmo destino de obscuridade que Kaptan. Apesar disso, sua lenda resistiu ao tempo, perpetuando-se nas tradições orais visayas. Como uma das raras divindades femininas no mundo a comandar o mar, sua figura é um testemunho poderoso do respeito e da igualdade concedidos às mulheres nas sociedades pré-coloniais filipinas.

Arte de Ubehmonster

fontes:

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2 comentários:



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